MUITO QUESTIONADO O TIME DO CRUZEIRO

Os torcedores cruzeirenses têm questionado cada vez mais a equipe, a cada má atuação. E com razão, pois, em 10 jogos, ela só venceu a metade, empatando três vezes e perdendo duas, para Atlético e Ipatinga, tendo marcado 17 gols e levado 11. Em nenhuma das duas fases da Copa do Brasil, contra adversários de menor expressão, foi atingido o objetivo de se classificar em apenas um jogo. Tanto diante do Veranópolis, no interior gaúcho, quanto da Portuguesa, no Canindé, o time não passou de decepcionante 0 a 0, sendo obrigado a vencer no Mineirão.
Quarta-feira, o Cruzeiro desperdiçou um pênalti e nada mais fez, contra a Lusa, em São Paulo. Terá de reencontrar a equipe paulistana na Pampulha, em 5 de abril. No Campeonato Mineiro, apesar do mau futebol, é o líder, com 13 pontos, mas tem vários perseguidores na cola e pode perder essa condição, em caso de novo tropeço. O futebol que não tem mostrado leva a torcida a desconfiar do potencial do grupo, refeito na virada do ano, com a aprovação do técnico Paulo Autuori. E ela nem quer pensar em fracasso nos quatro últimos jogos da fase de classificação, a começar pelo contra o Tupi, amanhã, às 16h, em casa. O time ainda receberá o Democrata-GV e a Caldense e visitará o Democrata-SL.
Autuori reconhece que há falhas: “É o começo de um trabalho, de ajustes, conhecimentos”. Mas não hesita: “Tenho meus conceitos, minhas convicções. Quando termino uma competição campeão da Libertadores, mundial ou estadual, meu pensamento é claro, e sempre falo isso. Será que quem perdeu jogou por terra todo um trabalho? Não representou nada? Sempre há um esforço, conhecimentos, experiência e uma temporada em jogo. Então, trabalho não se perde”.
Ele acredita que, apesar de todas as críticas, o Cruzeiro está no caminho certo. Consegue enxergar até virtudes nos últimos jogos: “Perdemos em Ipatinga por dois erros grotescos, mas não jogamos mal. Nosso segundo tempo (três gols sofridos) foi bom. Contra a Portuguesa, novamente sofremos marcação forte, mas nosso setor defensivo já correspondeu, sem tomar gols. Foi um jogo como esperávamos, com o adversário buscando nitidamente o jogo de volta”.
A receita de Autuori é não se abalar. Para ele, foram contratados os jogadores certos para a temporada e há recursos técnicos no grupo para fazer vitorioso trabalho. Por outro lado, as goleadas por 4 a 0 sobre o Guarani e 4 a 1 contra o Ituiutaba não encheram seus olhos. “Trabalho com os meus conceitos firmes e definitivos. Esta vulgaridade de que quem vence é o melhor do mundo e quem perde é o pior, comigo não existe. Tudo que acontece em minha carreira já se passou em outras oportunidades. Isso me dá tranqüilidade.”
OFENSIVIDADE
Como Rômulo passou oito jogos sem marcar, foi substituído por Geovanni, até então escalado no meio-campo. A mudança teve o objetivo de aumentar o volume de jogo ofensivo. Em São Paulo, não deu tanto resultado, pelas características da partida, mas, para amanhã, é uma das apostas do treinador. O atacante Nenê também continua em alta. Foi um dos mais exigidos, ontem, no treino de finalizações. Para muitos, deveria ser titular. Mas Autuori faz questão de não atropelar os fatos. No momento, prefere Renan, Ricardinho, Marcinho e Fel-lype Gabriel no meio; Geovanni e Araújo na frente. Da velocidade desses jogadores, espera surgir a superioridade técnica.
O Cruzeiro faz, hoje cedo, a preparação final para enfrentar o Tupi. A delegação voltou ontem de São Paulo sem ninguém demonstrando insegurança ou apontando como negativo o resultado no Canindé. Há a convicção de que, no Mineirão, a realidade será outra: “Vamos vencer”, avisa o zagueiro Gladstone.
O mais procurado para entrevistas voltou a ser o goleiro Fábio, mas não para explicar alguma falha, como depois do frango em Ipatinga, mas pela boa atuação diante da Lusa. “A autoconfiança me derrubou em alguns lances, mas também vamos adquirindo experiência, para crescer em cima dos fatos. Poderíamos ter definido em São Paulo, mas o resultado não foi dos piores.”
O time não terá o zagueiro André Luís e o volante Ricardinho, suspensos. Luizão volta a compor a zaga com Gladstone, e Leo Silva ganha chance no meio. Fábio Santos, que cumpriu suspensão, volta à lateral esquerda. Esperava-se a inclusão do armador Leandro Domingues entre os que se concentram, mas o treinador optou por Maicosuel, cuja condição física está bem superior.